quinta-feira, 28 de outubro de 2010

uma história de dois pequenos e quiçá grandes escritores...

Eis o exemplo de uma história inacabada, enfim acordos entre escritores:
    Estava sentada num banco em frente à plataforma. Ou estaria em casa? Ele dissera que chegaria hoje, por isso ela estava à sua espera. Só não se lembrava onde. Decidira ficar em casa, esperando ansiosa pelo seu regresso, alisando as pregas do vestido sempre que passava em frente ao espelho ou decidira fazer-lhe uma surpresa e esperar por ele na estação? Não importa.Se isso não importava, então o que importa? Olhou para o relógio que pendia da parede e viu que faltavam cerca de dez minutos. Começavam a juntar-se cada vez mais pessoas junto dela, aproximando-se da linha para verem melhor a chegada do comboio, mas em casa ela estava sozinha. Não se podia distrair a observar as pessoas que passavam nem as formas engraçadas das nuvens. Em casa, andava de um lado para o outro, parando ocasionalmente para dar uma olhadela ao relógio. Eram quase três horas.
   Saiu de casa apressadamente, e num passo largo começou a caminhar para a estação. Quando lá chegou soltou um bocejo de contentamento, pois tinha tido a coragem de ir até lá. Olhou os comboios, seguia-os atentamente com o seu olhar, deste o momento em que os avistava até à sua paragem. Correu na direcção de um, na esperança de encontrá-lo… limitou-se a aguardar enquanto as pessoas saiam, e, a tentar reconhece-lo no meio de muitos outros. O comboio havia já esvaziado, ela sabia disso, porém, tentava desesperadamente encontrar outra porta que não tivesse visto. Tentava encontrar uma explicação para o que estava a acontecer. Sentou-se, distraiu-se por meros instantes, olhou o céu, olhou o relógio de pulso e já tinham passado duas horas.

Vital e Matos

O Miguel

Miguel estava sentado por baixo de um guarda-sol, levava constantemente um pé à boca, como se as suas reacções primárias não tivessem sido desenvolvidas normalmente.
Por mais que tentasse comunicar, essas tentativas falhavam por completo, notava-se então que Miguel tinha um atraso cognitivo: os seus olhos não paravam quietos, bem como o resto do seu corpo; mexia-se em todas as direcções, em direcção a algo que ninguém conseguia ver, algo que provavelmente existiria apenas, e só na sua cabeça, na sua mente. Mas porque estaria Miguel fora do alcance de todos os outros? Provavelmente porque sentiam desprezo. Como pode alguém viver assim?
Miguel parecia ficar desperto enquanto observava os chapéus de praia que balançavam ao sabor do vento. Mas havia algo que lhe chamava profundamente a atenção, havia algo simples, que aos olhos de outros não parecia ser realmente importante, tanto que era transparente…
Poderia Miguel estar a sonhar? Intrigava-me bastante, tentava perceber em que direcção o seu sorriso era direccionado, constatei que a nada, ele, simplesmente, sorria.
Milhares de perguntas apoderavam-se da minha cabeça, ouvia o meu interior a perguntar sobre tudo (os porquês, os comos…).
O único motivo que encontrei  foi o de sermos únicos mesmo que simultaneamente iguais. Haveria então um motivo para o Miguel ser assim, mas qual?
Para Miguel, ver o sol a brilhar era uma tremenda alegria, ver os guarda-sol a baloiçar outra, ver o azul do céu a encontrar-se no infinito com o azul do mar dava-lhe prazer, tanto que era para lá que ele olhava mais vezes, segundo o que eu observava…
Miguel centrava-se no seu corpo, sem dificuldades algumas, descoordenadamente, dirigia (com ajuda dos braços) os pés à boca; emitia pequenos gemidos, como se tivesse a chamar alguém, porém, ninguém parecia ouvi-lo, ou então, fingiam não ouvi-lo…
Porque somos tão diferentes? Interrogava-me e não chegava a nenhuma conclusão, a única conclusão à qual cheguei, quer queiramos quer não, a vida apresenta-nos contrapartidas às quais nada podemos fazer, apenas aceitá-las e vivê-las.  Miguel, era assim uma dessas contrapartidas, aos olhos daqueles que o rodeavam. Ele apenas queria um olhar, bastava que olhassem para si… tanto que gemia constantemente, para chamar a atenção. Miguel após tanto esforço não recompensado, acabou por desistir e voltou a centrar-se no seu próprio corpo.
Apesar, de ninguém olhar para o menino de olhos azuis, ele não desfazia o seu sorriso, nem tão pouco desistia dos seus objectivos, tentava, e voltava a tentar que interagissem com ele.
Ainda hoje, sentada no meu sofá não consigo esquecer o Miguel, os gestos e as atitudes que ele tinha. Recordo ainda, como se fosse hoje, os seus olhos azulados que se dirigiam em direcção ao mar e seguiam cada onda a desenrolar na areia enquanto brilhavam cada vez com mais intensidade.
Existem pessoas especiais, Miguel é uma delas, provavelmente, ou melhor, de certeza que não o irei encontrar mais na minha vida, todavia, posso afirmar, que o episódio do menino dos olhos azuis foi algo que me marcou e que me vai acompanhar em toda a minha caminhada.
Outros Migueis virão, e deixarão marca, porque afinal é disso que é feito o nosso dia-a-dia. As pessoas vão e vêm como as ondas do mar, mas deixam sempre a sua pegada na nossa areia (cabeça), seja ela boa ou má.

Neste texto é Miguel quem nos ensina a sorrir...

um dia na escola...o que vês e como vês...

... Um dos acontecimentos que mais me chamou a atenção foi a camaradagem que as crianças têm umas com as outras, o espírito de inter-ajuda, pois houve duas crianças que tentaram ajudar uma outra que é autista (a "Maria"). Foi impressionante observar o cuidado que estas tinham com a "Maria", tentavam afastá-la de todas as situações em que poderia surgir perigo. Assim sendo, este acontecimento levou-me a reflectir sobre a inter-ajuda das crianças e também, sobretudo, das relações que estas estabelecem com a criança com necessidades educativas especiais. Apesar de esta criança ter o mundo dela, e por vezes se afastar dos outros, os seus colegas de sala não deixam que isso aconteça, vão buscá-la para junto deles e interagem com ela, tal como se esta fosse um bebé que precisa de ser cuidado. As crianças manifestam nesta relação um certo sentido maternal, um cuidado que já viram ser feito pelos seus pais e que colocam em prática com a "Maria".
como as crianças nos conseguem surpreender...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

começar a escrever algo...

Motivadas pelo professor da disciplina de Educação e Tecnologia, estamos a construir o nosso blogue... nele abordaremos os mais diversos temas, uma vez que estes não nos foram impostos, tal facto dá-nos mais liberdade para escrever.
Pretendo escrever sobre os mais variados assuntos, no entanto há um que se írá destacar sem dúvida alguma: a educação. Dentro do tema da educação, desenvolverei um outro subtema que me fascina muitíssimo: educação especial, é nesta área que pretendo ingressar, embora a educação pré-escolar também desperte em mim um enorme gosto e curuiosidade.